quarta-feira, 23 de abril de 2014

Telhados de vidro

Contaram-me, esta semana, que os avós duma criança cujos pais se estão a divorciar, apanharam-na a tirar fotografias da casa do pai, para que a mãe as pudesse usar no processo de guarda. Diz que uma das fotos era um cocó seco do cão, em cima duma cama. 
A solução que encontraram foi ralhar com as miúdas. E quem me contou, ainda acrescentou, "já viste, esta mãe, a fazer uma coisa destas às miúdas? As miúdas têm que saber que não podem contar NADA à mãe." E eu fiquei doente. Com os dois progenitores, os avós e os amigos que andam com os conceitos todos trocados. Bem sei que há acidentes com animais, mas, para mim, a solução não passa por repreender uma criança e ensinar-lhe, tão cedo, que a vida dela tem que passar a ser um tabu. A solução, ali, devia passar por se ter uma casa tão apta àquela miúda que até a incentivariam a tirar as ditas fotos. O ambiente deveria ser-lhe tão acolhedor, que sentiriam orgulho por ter a necessidade de contar a quem quer que fosse, fosse uma mãe, uma amiga ou um juiz num tribunal. 
Tenho muita dificuldade em perceber pessoas que prendem crianças a uma corda, para medir forças e ver para que lado se puxa com mais força. Que não entendem que este laço, o terão para sempre e que mais valia tê-lo em harmonia. Isto que escrevo, parecer-me-ia óbvio, mas pelos vistos não é. Nem para os pais, nem para a pessoa que me contou. E isso revolta-me. 

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