quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Ó faxavor

Irritam-me as pessoas que acham que os outros, só por alguma vez lhes terem posto a vista em cima, são obrigados a ajudá-los.

Com esta história da crise tenho vivido o choque de ver pessoas com mérito e trabalhadoras a perderem os seus empregos e/ou a mudarem de país para conseguirem parcas oportunidades. Assusta-me quando vejo amigos que sempre se esforçaram e mostraram valor a serem despedidos. Porque me sinto próxima, me identifico-me e cai-me a ficha de que, talvez, não seja imune a uma situação semelhante.

No entanto, no meio desta confusão que se gera no mercado de trabalho em Portugal, vejo incompetentes a reivindicar cunhas. Também se trabalha para as cunhas. Entenda-se bem isso. E eu, nunca na vida, irei desperdiçar um favor com um contacto por uma gaja que mal sabe ler e escrever, mas tirou um curso numa dessas privadas falidas e, só por isso, já pode e acontece. Esforçar-se para aprender qualquer coisinha, isso já não é com ela. E coitadinha, os cursos são caros e pardais ao ninho. Minha amiga, eu aprendi excel, espanhol e até tricot, com um livrinho daqueles da europa-américa, comprado num mercado da terrinha. Graças a isso, consegui um estágio, cuja remuneração não chegava para o gasóleo. A partir daí, também tive sorte, muita sorte. Estive no lugar certo, à hora certa. Os livros, ainda os compros, daqueles da produtividade, ou como fazer apresentações ou outra merda qualquer, que me pareça ou me digam me falta.

Tentar melhorar nunca fez mal a ninguém e para a cunha, ao contrário do que se possa pensar, também é preciso valor. Nalguns caos, valor familiar, mas valor.

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