sábado, 12 de outubro de 2013

Venha o Diabo e escolha

As pessoas preocupam-se muito com o facto de ter chegado a esta idade sem um namorado, marido ou qualquer perspectiva de vir a ter acasalamento para a eternidade. Dizem-me até que, de tão habituada a estar sozinha, já nunca irei conseguir essa coisa de viver a paredes meias. Dizem que esse é um propósito de vida, a garantia de felicidade e a solução para muitos (senão todos) os problemas.

Depois, vou um beber um copo de vinho com uma amiga e oiço todo um rol de queixas. As desconsiderações, os egoísmos, as tomadas de decisão que já são a dois e afectam todo um agregado familiar. O marido que não deixou comprar uma saia, mas comprou a prancha de wakeboard, o marido que não pode ir á bola com os amigos, o que aceitou uma proposta de emprego, que significa passar, pelo menos, oito horas de 5 dias da semana, a fazer, o que gosta ou não, sem ter consultado a chamada cara metade.

Sinto a falta de uma conchinha pela manhã, de um telefonema de saudades, de uma mão dada ou um abraço de apoio, mas perder a minha liberdade e independência, a capacidade de decidir se estoiro o dinheiro em maquilhagem, se chego ás 5h da tarde ou ás 2h da manhã, se trabalho neste país ou vou servir ás mesas, parece-me um preço demasiado alto para essa "eterna felicidade".

E, mal ou bem, conchinhas pela manhã ou mãozinhas dadas, não me vão faltando. Desconfio, até, que as tenho em mais quantidade que essas parelhas, as "eternamente felizes".

3 comentários:

  1. Isso parece-me uma falsa questão. Não existem relações perfeitas, mas os problemas estão lá para serem resolvidos. Não me parece que entrar numa relação seja sinónimo de perder liberdade. Eu sei que há coisas que se ganham e outras que se perdem, mas colocando a coisa assim nesses pratos parece tudo muito preto e branco.

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  2. Talvez tenhas razão. A questão é que me parece que ninguém é feliz, os solteiros querem casar, os casados querem filhos, os que têm filhos querem liberdade. Ninguém está contente. Assim, como assim, estou bem como estou.

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